Os Correios lançaram no dia 26 de novembro, nas cidades do Rio de Janeiro/RJ e Londrina/PR, um selo (de emissão comemorativa), de tiragem limitada com 300 mil exemplares, em homenagem ao centenário do nascimento de Mário Lago. Com arte de Mario Dittz e Juliana Souza, o selo tem valor facial de R$ 1,85 e pode ser adquirido nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline).
Na composição da imagem do selo, que tem como fundo a cor branca, encontra-se a representação da expressão do artista Mário Lago, ainda viva na lembrança do público, como elemento principal. Ao lado, uma composição feita a partir de ícones como caneta tinteiro, máscaras, televisão, violão, película cinematográfica com a inscrição do nome do artista, e outros, que representam a sua intensa atividade cultural, como a literatura, o teatro, a televisão, o rádio e o cinema. O bairro da Lapa, onde Mário Lago nasceu e iniciou sua carreira, também está reproduzido na parte inferior da composição, por meio de seus famosos arcos. No canto inferior direito, a logomarca do Mercosul, por tratar-se de uma emissão comum aos seus países membros. Foram utilizadas as técnicas de retícula estocástica em tons de cinza e calcografia nas cores preto e dourado
HISTÓRICO
Ator, compositor, radialista, escritor, poeta, autor teatral, militante sindical e político, Mário Lago foi muitos. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1911, filho do maestro e violinista Antônio Lago e de Francisca Maria Vicência Croccia Lago.
Mário foi criado no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito, mas jamais exerceu a profissão. De uma família de músicos, ainda criança começou a frequentar o Teatro Municipal e as rodas de música popular. Chegou a trabalhar como jornalista e estatístico, mas por pouco tempo.
A estreia deste multiartista aconteceu em 1933, como autor teatral, na revista “Flores à Cunha”. A maior parte de suas peças foi escrita nas décadas de 40 e de 50. No final dos anos 1960, escreveu a sua última peça teatral: “Foru Quatro Tiradente na Conjuração Baiana”.
Ele também escreveu roteiros e argumentos para o cinema, como o do filme “Banana da Terra” (1939), comédia musical que lançou nacionalmente o compositor Dorival Caymmi e Carmem Miranda.
A estreia de Mário Lago na música aconteceu em 1936, com a marcha de carnaval “Menina, eu sei de uma coisa”. O sucesso viria dois anos depois, com “Nada além”, na gravação de Orlando Silva. Sozinho, ou em parcerias diversas, Mário compôs sucessos como “Amélia”, “Atire a primeira pedra”, “Aurora”, “Dá-me tuas mãos”, “Enquanto houver saudade”, “Fracasso”, “Será” e “Número um”.
Em 1942, estreou como ator, no teatro, onde criou personagens de grande repercussão, como o Aprígio, no clássico “O Beijo no asfalto”.
No cinema, atuou em alguns dos principais filmes brasileiros, como “O Padre e a Moça”, “Os Herdeiros”, “O Bravo guerreiro” e “Terra em transe”.
A popularização veio com o trabalho em novelas, a partir de 1966, destacandose suas atuações em “O Casarão”, “Nina” e “Dancing Days”. Esses trabalhos mereceram dois prêmios de Melhor Ator da Associação Paulista de Críticos de Artes e um Golfinho de Ouro.
Seus últimos trabalhos na TV foram a minissérie “Hilda Furacão” (1998), interpretando o velho boêmio Olavo; o especial “Enquanto a Noite não Chega” (2000), e uma participação especial na novela “O Clone”, revivendo o personagem Dr. Molina, de “Barriga de Aluguel”. Mário Lago gravou a novela no final de 2001, seis meses antes de falecer.
No rádio, foi ator, autor de novelas, produtor e diretor. Seu trabalho mais conhecido foi a série “Presídio de Mulheres”, que escreveu para a Rádio Nacional e que liderou a audiência da emissora durante cinco anos seguidos.
Autor de 11 livros, Mário estreou com a coletânea de poemas políticos “O Povo Escreve a História nas Paredes”. Sua produção literária inclui os títulos “Chico Nunes das Alagoas”, “Na Rolança do Tempo”, “Bagaço de Beira Estrada”, “Rabo da Noite”, “Meia Porção de Sarapatel”, “Manuscrito do Heróico Empregadinho de Bordel”, “Segredos de Família” e o infantil “Monstrinho Medonhento”, seu maior sucesso editorial. Mário Lago deixou um livro inconcluso, exclusivamente dedicado às memórias das boas “molecagens” que praticou ao longo da vida.
Desde jovem, Mário se dividiria entre o trabalho artístico, uma intensa atividade política e a boemia. Participou de várias campanhas em defesa dos direitos humanos e do patrimônio do País.
Mário Lago foi casado com Zeli Cordeiro Lago. Falecido em 30 de maio de 2002, o ator deixou cinco filhos (Vanda, Antonio Henrique, Graça, Luiz Carlos – falecido em 2010 – e Mário).
Ao emitir este selo, os Correios demonstram todo o respeito a este ator que, sem dúvida, tem seu sucesso reconhecido em todo o País. A Filatelia celebra o centenário de seu nascimento e, assim, enfatiza a cultura, valorizando o multiartista que tanto contribuiu para a arte no Brasil.