Venho convidá-lo para o lançamento do livro indígena
"Kotit-kalivónohiko", do qual participei como organizadora.
Este livro é o resultado de um trabalho sobre o reavivamento da cultura e da linguagem indígena, além da contribuição à Educação Indígena, dos povos indígenas do Oeste Paulista, que se iniciou em 2006, quando tomamos contato pela primeira vez com a Aldeia Icatu, localizada próxima à cidade de Braúna, no interior do Estado de São Paulo.
A Aldeia Icatu surgiu no início do século XX, por volta de 1912, quando os kaingangs foram levados a viver em aldeias, demarcadas pelo Governo e administradas pelo SPI – Serviço de Proteção ao índio (hoje FUNAI). A primeira aldeia surgida foi a de Icatu. Posteriormente, os índios terenas passaram a fazer parte dessa aldeia, surgindo, assim, as uniões interétnicas. A partir disso, seus descendentes passaram a conviver e a aprender tanto a língua kaingang como a língua terena.
A língua kaingang pertence à família linguística Jê, do tronco Macro-Jê, e está entre as cinco línguas indígenas mais faladas no Brasil, abrangendo os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e o interior de São Paulo; a língua terena pertence à família linguística Arwak, abrangendo principalmente o Estado do Mato Grosso do Sul, além do interior do Estado de São Paulo e o alto do rio Paraguai, no Mato Grosso.
As primeiras diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena, do MEC, datam de 1993. Segundo Pinheiro (2004), a Educação Indígena não possui como referência a educação institucionalizada, que se baseia no letramento e na escola. Mas sim em estratégias educacionais que vão além do âmbito do espaço escolar.
A Escola Indígena representa, para a sociedade indígena, muito mais do que formar para concorrer. Ela surge para preservar suas tradições culturais, sociais e, sobretudo, sua língua nativa. Assim, a partir dessa política, esta aldeia, bem como outras comunidades indígenas, passaram a desenvolver em suas escolas, um projeto de educação bilíngue, em que as crianças são alfabetizadas em língua portuguesa, mas também aprendem a língua-mãe de sua etnia.
A partir disso, surge a proposta do livro bilíngue, no qual a organizadora Maria Sueli Ribeiro da Silva buscou, juntamente com os professores indígenas da aldeia Icatu, obter um material pedagógico mais adequado e condizente à realidade da comunidade indígena dessa aldeia, de modo a contribuir com o processo de conscientização de suas crianças em relação à sua própria identidade, advinda da relação interétnica entre kaingangs e terenas, transmitidas, sobretudo, pelos índios mais velhos da aldeia.
Não é por acaso, então, que este livro possui em seu título as palavras “kotit” (kaingang) e “kolinovohiko” (terena), pois ambas significam aquilo que é foco desse livro, que são as “crianças”. Sem elas que cultura, que língua, que povo resiste ao amanhã???
A organizadora do livro é descendente de índios bororos, 37 anos, graduada pelo IBILCE/UNESP, no curso de Licenciatura em Letras (Habilitação Português e Italiano), Mestre em Linguística Aplicada e Doutoranda em Análise Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos do IBILCE/ UNESP, é docente do Curso de Ciências Contábeis, de Pedagogia e de Formação Específica da UNIRP, orienta trabalhos acadêmicos e científicos voltados à Educação, em especial, à Educação Indígena, desenvolve pesquisa relacionada à descrição funcional da língua kaingang.
Local: Biblioteca Pública Municipal
de São José do Rio Preto
Data: 11/12/2009
Horário: 10h
Conto com sua presença!
Grande abraço,
Maria Sueli Ribeiro da Silva
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