Esta emissão de selos postais que os Correios emitiram no último dia 30 de outubro na cidade de São Paulo (SP), destaca a importância dos morcegos na natureza, relativa às famílias que ocorrem no Brasil, assim como a necessidade de preservar os seus ecossistemas.
Os selos mostram quatro espécies de morcegos que ocorrem no Brasil: Artibeus gnomus, Platyrrhinus helleri, Lonchophylla dekeyseri (morceguinho-do-cerrado) típica desse bioma brasileiro, e Lonchorhina aurita (morcego nariz-de-lança). São apresentadas com as características que lhes são inerentes, em seus ambientes naturais. Na elaboração das imagens, foi utilizada a técnica de fotografia de autoria dos fotógrafos Maricélio de Medeiros e Edvard Magalhães. A arte final da folha de selos é da artista Míriam Guimarães, funcionária do DEFIP – Departamento de Filatelia e Produtos da ECT.
Foram emitidos 900 mil selos, com valor facial de R$ 2,00 e podem ser adquiridos nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline).
HISTÓRICO:
A ordem Chiroptera é representada pelos morcegos que possuem as mãos (chiro) transformadas em asas (ptero), sendo os únicos mamíferos aptos a um voo verdadeiro. Existem mais de 1.100 espécies de morcegos no mundo, e o Brasil está representado por cerca de 167 espécies, distribuídas em nove Famílias: Emballonuridae, Noctilionidae, Mormoopidae, Thyropteridae, Furipteridae, Natalidae, Phyllostomidae (esta contém cerca de 90 espécies), Vespertilionidae e Molossidae. As espécies: Artibeus gnomus, Platyrrhinus helleri, Lonchophylla dekeyseri e Lonchorhina aurita foram contempladas nesta emissão.
A espécie Artibeus gnomus pertence à Família Phyllostomidae/Subfamília Stenodermatinae, sendo endêmica na América do Sul, registrada no Equador, Peru, Bolívia, Venezuela, Guianas e no Brasil. Morcego pouco conhecido, porém, como os demais integrantes dessa Subfamília, é um consumidor de frutas. Geralmente, abriga-se em folhas, transformando-as em tendas ao mastigá-las próximo à nervura principal. Possui pelagem castanho-clara, com o ventre mais claro, e listras faciais, se destacando pela cor amarelada das orelhas, tragos (saliência cartilaginosa do meato auditivo externo) e da folha nasal. Seu status de conservação, pela União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN (2008), é de baixo risco.
Outra espécie que integra essa mesma Família e Subfamília é o morcego Platyrrhinus helleri. Sua distribuição é do México à América do Sul – Peru, Bolívia, Guianas e Brasil, onde só não foi registrado na região sul. É um frugívoro (consumidor de frutos/vegetais) de copa, especialista na ingestão de figos silvestres, apesar de consumir outros frutos e até insetos. Abriga-se, principalmente, em folhagens, possuindo coloração do pardo ao bege e listras faciais e dorsais brancas ou creme claras. A espécie é considerada de baixo risco à extinção (IUCN, 2008).
A espécie Lonchophylla dekeyseri (Phyllostomidae: Lonchophyllinae), é popularmente conhecida como morceguinho-do-cerrado. Típica do Distrito Federal, já foi registrada, também, nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí e Tocantins. É um morcego nectarívoro (consumidor de néctar) que também consome pólen, frutos e insetos. Seu abrigo preferencial são cavernas de formação calcária, onde forma pequenas colônias. Possui pelagem marrom-avermelhada, com ventre mais claro, o focinho longo, e a língua comprida com tufos na ponta, o que auxilia na coleta do néctar. É considerado um dos morcegos mais ameaçados do Brasil, por ser espécie exclusiva do Cerrado, bioma extremamente ameaçado pela rápida degradação ambiental, sendo uma das cinco espécies de morcegos listadas no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
Existe, ainda, o morcego nariz-de-lança Lonchorhina aurita (Phyllostomidae: Phyllostominae). Encontrado do México à Bolívia. No Brasil, ocorre em todos os biomas. Sua dieta é exclusivamente insetívora (consumidor de insetos), tendo preferência por cavernas como abrigo. São fáceis de serem reconhecidos pelas orelhas, tragos e folha nasal extremamente desenvolvidos. É considerada de baixo risco à extinção (IUCN, 2008).
Apenas três espécies de morcegos se alimentam de sangue, e cerca de 70% são insetívoras. As demais ingerem frutas, néctar, pólen, folhas e há, ainda, os carnívoros que consomem pequenos vertebrados, como anfíbios, roedores, marsupiais, e, inclusive, morcegos de outras espécies. São extremamente importantes ao equilíbrio ecológico, pois, prestam vários serviços ambientais, como polinização, dispersão de propágulos vegetais e controle de insetos. Protegendo os morcegos e os outros animais silvestres, estaremos garantindo um futuro ecologicamente equilibrado.