Santo Expedito
pregam faixas
de agradecimento
São inúmeras as formas de se pagar uma promessa religiosa. Uns abrem mão de algo importante em sua vida ou abandonam algum vício. Outros passam por sacrifícios físicos, como longas caminhadas ou subida de escadarias, de joelhos. Tudo para demonstrar a fé e ser agradecido a Deus por um momento bom.
Muitos católicos, no entanto, preferem utilizar faixas de agradecimento quando alcançam alguma graça. E não são poucos. A homenagem, geralmente, é feita após algum pedido ser atendido. As faixas são colocadas em locais de grande movimento, avenidas, pontilhões e rotatórias. O tamanho é quase padrão: um metro de comprimento por 80 centímetros de altura.
Dessa forma, além de agradecer, os devotos divulgam, mesmo que anonimamente, a ajuda que receberam. O preço da faixa varia de R$ 12 a R$ 20. Nas empresas consultadas pelo Diário, o tempo de confecção é de um dia. As frases costumam ser diretas, dando destaque ao santo. A maior parte não possui identificação de quem encomendou, nem da graça alcançada. O máximo que se encontra são as iniciais dos devotos.
Há 14 anos trabalhando como consultor de vendas, Wagner César Manfrin, 45, sentiu que os negócios começaram a melhorar quando ele passou a agradecer a Santo Expedito tudo o que vinha de bom. A devoção é grande e a gratidão também. Ele homenageia o santo protetor desde 2001.
“Como trabalho com metas de vendas, costumava fazer faixas todos os meses, porque dá uma paz e uma tranquilidade muito grande”, disse. De tantas faixas encomendadas, ele já perdeu as contas do total. E para não cair na rotina, Manfrin costuma alterar os locais de exposição. De preferência, escolhe aqueles de maior movimento.
“Coloco por toda Rio Preto, não tem um local fixo.” No início, fazia religiosamente uma por mês, agora, segundo ele, “deu uma relaxada”. Católico, Manfrin não costuma ir a missas ou celebrações religiosas. Mas sempre que pode vai à igreja, em horários alternativos, para fazer suas preces e agradecimentos.
Igreja
Reconhecimento e gratidão são sentimentos incentivados pela Igreja Católica, segundo Dom Paulo Mendes Peixoto, bispo da Diocese de Rio Preto. “É algo bíblico. Todos temos de agradecer e valorizar o que recebemos.” A demonstração, no entanto, depende de cada pessoa. A Igreja não estabelece uma maneira padrão de agradecimento.
“É uma questão de fé. E existem maneiras diferentes de demonstrá-la”, disse o bispo. Para que as faixas fiquem por algum tempo no local desejado, é preciso um pouco de sorte. Além da ação do tempo e da possibilidade de vandalismo, agentes da Prefeitura costumam retirar as colocadas em lugares públicos.
No entanto, não existem multa nem lei que proíbam esse tipo de exposição. Segundo a Secretaria de Meio-ambiente e Urbanismo, o controle feito para a colocação de faixas é relacionado apenas às propagandas.
‘Pedi e recebereis’, dizia Jesus Cristo
O principal citado em Rio Preto é Santo Expedito, o santo das causas urgentes. “O mundo está competitivo, e as pessoas precisam recorrer à fé. E quando se trata de um pronto atendimento, procuram Santo Expedito”, disse o padre José Antônio Dária, pároco da igreja Santo Expedito, no Residencial Gabriela. A festa litúrgica é no dia 19 de abril, quando a igreja lota em várias missas celebradas.
Para o bispo Dom Paulo, a grande devoção se deve pela crença na resolução de problemas urgentes de diferentes características. “Há alguns santos chamados de populares, um deles é Santo Expedito.” O bispo lembra que os santos são apenas interlocutores. “Deus é quem pratica o milagre”, completa.
Além de Santo Expedito, Nossa Senhora Aparecida, Santa Edwiges, Nossa Senhora de Lourdes e Nossa Senhora Desatadora dos Nós são constantemente lembrados pelos devotos rio-pretenses. Em geral, empresas que produzem faixas fazem entre 10 e 30 unidades por mês. Os pedidos aumentam em abril, mês da festa de Santo Expedito.
Uma santa história
Santo Expedito era oficial romano, comandante-chefe da 12ª legião de soldados romanos, chamada Fulminante. Encarregado de defender o império de Roma dos bárbaros asiáticos, certo dia ele recebeu uma luz divina e resolveu mudar de vida, convertendo-se ao Cristianismo.
No momento da conversão, apareceu-lhe um corvo que simbolizava o espírito do mal e pedia-lhe para deixar a mudança para o dia seguinte. Isto foi interpretado que o espírito do mal, até na hora da conversão, tentou persuadi-lo a deixar para depois, dizendo que não havia pressa. Para mostrar que havia mudado, Expedito reagiu, esmagando o corvo com o pé direito, esbravejando “Hodie”, que em latim quer dizer: “Hoje”.
Por isso ficou conhecido como o santo que resolve os problemas com rapidez. Convertido, Expedito sofreu a ira do imperador romano Diocleciano (que desencadeou uma feroz perseguição aos cristãos) e foi decapitado, depois de flagelado, no dia 19 de abril de 303. (Escrito por Diarioweb Sex, 11 de Novembro de 2011).
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