Os Correios lançaram no dia 13 de dezembro, simultaneamente nas cidades de Exu/PE, Recife/PE, Juazeiro do Norte/CE, Brasília/DF e Entre Rios/BA, um selo (de emissão comemorativa) em homenagem ao Centenário do Nascimento de Luiz Gonzaga – O Rei do Baião.
Sobre o selo
Na composição da imagem do selo, o artista Jô Oliveira utilizou vários elementos retratando a vida sertaneja do cantor e, sobretudo, a música Asa Branca, um de seus grandes sucessos. Em primeiro plano, a imagem do cantor vestido com a tradicional roupa de vaqueiro nordestino e chapéu de couro, segurando uma sanfona; acima de seu braço, a ave branca voando em direção às nuvens, simbolizando a harmonia musical do cantor. No canto inferior direito, os olhos verdes e a plantação, presentes na letra da música Asa Branca. O símbolo da Maçonaria indica a participação do homenageado naquela sociedade. Ao alto, no canto direito, a coroa representa a majestosa obra do cantor, cujos fãs o batizaram merecidamente de “Rei do Baião”. Foram utilizadas as técnicas de desenho a nanquim e pintura.
Foram impressos 300 mil selos, com valor facial de 1º Porte Carta Comercial, atualmente R$ 1,20.
A peça filatélica pode ser adquirida nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline).
HISTÓRICO
No dia 13 de dezembro de 1912, nasceu em Exu, cidade do estado de Pernambuco, na Fazenda Caiçara, o maior representante da música popular nordestina, Luiz Gonzaga do Nascimento.
Filho de Januário José dos Santos, o Mestre Januário, e de Ana Batista de Jesus, conhecida como Santana, Luiz Gonzaga cresceu auxiliando os pais, mas, sobretudo, admirando o pai, que era sanfoneiro, conhecido como Mestre dos 8 Baixos. Antes de adquirir sua primeira sanfona, fole Kock, de oito baixos, marca Veado, em 1924, Luiz Gonzaga já tocava e animava bailes, forrós e feiras, acompanhado do pai.
Não se registra momento sem impacto na vida de Luiz Gonzaga. Sua cronologia é repleta de fatos e acontecimentos marcantes, num ritmo acelerado, assim como sua música. Seu guarda-roupa artístico era composto de sanfona e chapéu de couro, à vaqueiro ou à cangaceiro.
Deixou sua terra natal em 1929, em função de um namoro interrompido por discordância dos pais da noiva e represália de seus pais. Após vender sua sanfona, já no estado do Ceará, viajou para Fortaleza, ingressando no Exército. Em 1930, por causa da Revolução, viajou a serviço militar pelo País e, em 1933, estabeleceu-se no estado de Minas Gerais, onde se tornou soldado tamborcorneteiro, apelido “bico de aço”. Sem que tenha se desligado da música durante o período no Exército, ainda em Minas Gerais, aprendeu a tocar sanfona de 120 baixos com o amigo, o soldado Domingos Ambrósio.
Após deixar as Forças Armadas e instalar-se na cidade do Rio de Janeiro, no então bairro boêmio do Mangue, já portador de sua sanfona branca, Hohner, iniciou sua carreira musical, tocando vários ritmos de sucesso na região em que se encontrava. Apoiado por estudantes cearenses, mudou o seu repertório, obtendo sucesso no programa de calouros da Rádio Tupi com a música Vira e Mexe, atuando, posteriormente, no programa A Hora Sertaneja, com a ajuda do sanfoneiro Zé do Norte.
Foi na gravadora Victor, em 1941, que, numa participação com a dupla Genésio Arruda e Januário França, Luiz Gonzaga consegue sua primeira gravação. A partir de então, o sucesso do “maior sanfoneiro do Brasil” só foi crescendo. Carismático, teve grandes nomes musicais como parceiros. Com o cearense Humberto Teixeira, em 1944, a primeira parceria foi com o xote No meu pé de serra. Esta parceria perdurou até 1952.
Em 1945 já tinha 25 discos gravados como sanfoneiro e um como cantor. Neste ano, também, fruto de sua convivência com a cantora Odaléia Guedes, nasceu seu filho, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, artisticamente conhecido como Gonzaguinha. O final da década de 40 foi repleto de conquistas, marcada pelo casamento com Helena das Neves Cavalcanti, e a gravação de um dos seus maiores sucessos, Asa Branca.
Na década de 50, o casal Luiz Gonzaga e Helena tiveram a filha Rosa Maria. Neste período, o Rei do Baião lançou, gravou e cedeu várias de suas composições a outros cantores, que se tornaram clássicos da MPB.
Com o título de Rei do Baião, incansavelmente, Luiz Gonzaga compôs muitas músicas, sozinho e em parceria, recebendo uma infinidade de prêmios. Vários espaços foram criados em sua homenagem. Morreu aos 76 anos de idade, em 1989, deixando-nos imensurável legado cultural, que é vivido pelo povo, pelos artistas e gravadoras, em qualquer recanto do País.
Os Correios prestam uma homenagem ao protagonista de uma história de lutas, batalhas e sucessos, assinalando o centenário do seu nascimento em selo postal, pequena ilustração de grande valor histórico e cultural, que circulará mundo afora contando a trajetória de quem soube “sanfonar” a própria existência.
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