Não faz muito tempo, a rede Globo de televisão fez e transmitiu uma novela, “Salve Jorge”, onde destacava uma realidade brasileira nem sempre explícita: o tráfico de brasileiros para prostituição em outros países.
A Campanha da Fraternidade é uma atividade pastoral da Igreja Católica Apostólica Romana, no Brasil, que se desenvolve anualmente durante a quaresma; neste ano de 2014, de 05 de março a 13 de abril. É uma atividade acolhida por todas as dioceses brasileiras. Iniciada em 1964, a Campanha da Fraternidade tem 51 anos de existência, voltada para a sociedade, no desejo de conscientizar as pessoas e transformar a realidade, à luz da fé, colocando em foco uma questão ou desafio de grandes proporções para o País e para a Igreja.
No ano de 2014, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e tráfico humano”, e como lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). É um clamor para que as pessoas se conscientizem sobre a realidade do tráfico de pessoas, no Brasil, para trabalho e ou prostituição, e para o tráfico de órgãos humanos. Esta conscientização deverá gerar uma mudança na sociedade brasileira, respeito à pessoa e promoção de sua indignidade.
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade-2014 é “Identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus.”
São objetivos específicos da Campanha da Fraternidade-2014: “Identificar as causas e modalidades do tráfico humano e os rostos que sofrem com essa exploração; denunciar as estruturas e situações causadoras do tráfico humano; reivindicar, dos poderes públicos, políticas e meios para a reinserção das pessoas atingidas pelo tráfico humano na vida familiar e social; promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das pessoas em situação de tráfico; suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que conduza ao empenho transformador dessa realidade aviltante da pessoa humana; celebrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, sensibilizando para a solidariedade e o cuidado às vítimas deste mal.”
O católico não pode ficar indiferente diante do drama doloroso do tráfico humano. O Papa Francisco disse: “A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros; faz-nos viver como se fôssemos bolhas de sabão: são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro; não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa”( Lampedusa, Itália, 08 de julho de 2013).
Rezemos com a Campanha da Fraternidade-2014: “Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados. Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus. Nós vos pedimos pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano. Convertei-nos pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos. Comprometidos na superação deste mal, vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz. Por Cristo nosso Senhor. Amém!”
+ Tomé Ferreira da Silva
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto/SP.
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