A colheita
Estamos em momento de manifestações do povo nas ruas. Isto revela profunda indignação da população em relação às condições em que as pessoas vivem. São reivindicações justas, tendo como alvo a esperança de colher daí frutos positivos para a sociedade brasileira. Deparamos com um país corroído por administradores que agem contra o povo.
A tentação é de dizer que o brasileiro é muito passivo e demora tomar partido. Com isto a classe dominante “deita e rola”. Basta saber que as verbas públicas destinadas para determinados fins, quando chegam, grande parte ficou pelo caminho. Sobra pouco para ser aplicado no que é para o bem comum. Os desvios são gritantes.
As autoridades não podem ficar se vangloriando do poder que têm. É preciso acabar com o carreirismo, com políticos que não abrem mão de seu ninho, defendendo os próprios interesses e dificultando a entrada de quem realmente quer trabalhar para o bem do povo. Sua missão é de prestar serviço à comunidade, agindo com responsabilidade e interesse público.
Não podemos dizer que o Brasil, nas condições atuais, vive a verdadeira democracia. Não são por acaso as pressões de rua. Elas querem exigir direitos que não são respeitados. A grande massa da sociedade vive refém e submissa ao “bem querer” de alguns privilegiados. O lamentável é que os políticos oportunistas são eleitos pelo próprio povo, supondo estar exercendo seu direito de cidadão.
Em setembro teremos a 5ª Semana Social Brasileira. Toda reflexão, que acontece pelo Brasil afora, tem como preocupação o tipo de Estado que temos. O que podemos esperar ou colher dele no contexto da nova cultura política, social e econômica. Também não podemos nos esquecer que cada cidadão é o Estado brasileiro.
Mesmo com as grandes dificuldades do terceiro milênio, colhemos muitos frutos novos e bons. Temos até que nos alegrar com isto e nos comprometer mais com um mundo de paz, de ecologia sustentável, de uma economia mais partilhada e de uma política com políticos eticamente bem formados, condição indispensável para um Brasil melhor.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
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