segunda-feira, 18 de julho de 2011

Centenário de Anacleto Rosas Junior


Nasceu aos 18/07/1911, em Mogi das Cruzes-SP, e faleceu em 04/02/1978 em Taubaté-SP. Filiação: Anacleto Rosas, natural da Espanha, e Maria Bourbon, natural da Itália. Foi o 3º numa prole de sete filhos.
O pai tinha armazém, padaria e açougue. Os irmãos ajudavam o pai no comércio,auxiliando-o no atendimento ao público. Todos os irmãos exerciam a função de balconista, menos Anacleto, que adorava animais e exercia a função de entregador. Fazia todas as entregas de compras e pães de
charrete e carroça. Teve dois animais de estimação, Mimo e feitiço. O cachorro Mimo buscava os animais no pasto e mordia-os no calcanhares; só parava de mordê-los quando chegavam. Feitiço, um burro, era bonito e esperto. Tomava conta do pasto. As pessoas estranhas não podiam aproximar-se do pasto, pois, Feitiço ficava furioso e avançava na tentativa de atacá-los. Só ficava calmo quando Anacleto chagava e o acariciava. Foi um transtorno para algumas pessoas. Anacleto passou a infância e adolescência na cidade de Poá-SP, próxima à sua cidade de origem. Desde garoto gostava de cantar e tocar violão, juntamente com os irmãos. Na adolescência adorava fazer serestas e as fazia muito bem. Apaixonou-se por Clementina, conhecida por Tina, em sua seresta. Tina era uma graciosa jovem de 15 anos e Anacleto a conhecia desde criança. Sempre foi muito extrovertido e irreverente. Todos os casamentos religiosos de Poá-SP eram realizados em Mogi das Cruzes-SP, devido à falta de padres na cidade. O padre não quis ir à Poá
realizar o casamento de Anacleto e Clementina. Casou-se apenas no civil em janeiro de 1932, embora na época o casamento religioso fosse de suma importância para a sociedade. Foi um escândalo! O casamento religioso foi discretamente realizado pelo padre Cícero, quando completaram Bodas de Prata; a cerimônia foi realizada no Santuário de Santa Terezinha de Taubaté-Sp. Após o casamento, residiram pouco tempo na cidade de Poá-SP, Mudando-se para São Paulo, capital. O casal teve três filhos, Luiz Rosas Sobrinho,
Rubens Rosas e Cleusa Rosas. Luiz e Cleusa adoravam música como o pai, cantavam e tocavam instrumentos musicais. Formaram o Trio Turuna; faziam parte do Trio: Luiz, Cleusa e Teodoro. Fizeram muito sucesso na época. O Trio Turuna, sempre obteve a supervisão de Anacleto e todas as músicas que cantavam eram de composição dele. Anacleto nunca estudou música; as inspirações para as composições surgiam principalmente de madrugada. Durante o dia pegava o violão e fazia melodia. Começou a compor Valseados, Rancheiras, Sambas e Tangos por volta de 1930. Recebia com freqüência, em sua casa, vários cantores e compositores famosos da música sertaneja. Tais como: Tonico e Tinoco, Mário Zan, Limeira
e Zezinha, Torres e Florêncio, Palmeira e Luizinho, o compositor Arlindo Pinto, Motinha, Mariazinha, Vieira e vários outros artistas. Fez muitos shows no Vale do Paraíba, Sul de Minas e uma tournê pelo norte do Paraná. Suas composições de maiores sucessos foram:
• "Cavalo Preto", feita em 1945, foi a primeira moda campeira, consagrando-o pioneiro da música campeira no Brasil. Na época todas as duplas queriam gravá-la. Quem gravou primeiro foi a dupla Palmeira e Luizinho, logo após regravada por Sérgio Reis, Tonico e Tinoco e vários outros. Continua sendo um sucesso até os dias de hoje. Foi regravada em japonês, sendo uma das trilhas sonoras da novela "Pantanal", na voz de Sérgio Reis, exibida pela TV Manchete no Brasil e no exterior.
• "Os Três Boiadeiros", gravada pela dupla Pedro Bento e Zé da Estrada, tema do filme " Os Três Boiadeiros ".
• "Fogo no Rancho", tema do filme "Jeca Tatu", de Mazzaropi.
• "Aparecida do Norte", dupla Tonico e Tinoco, tema do filme " Nossa Senhora de Aparecida ". A música foi composta dentro de um ônibus, quando Anacleto retornava de Aparecida-SP, onde vendia seus discos. Foi o primeiro compositor a homenagear a cidade e a Santa Padroeira do Brasil.
• "Presépio da Serra", homenagem a cidade de Campos do Jordão-SP.
• "Baldrana Macia", gravada pelo saudoso Luiz Gonzaga.
• "Cortando Estradão", regravada pela dupla Sérgio Reis e Almir Sater, executada na novela " O Rei do Gado ", exibida pela rede Globo de televisão no Brasil e no exterior.
• "Confissão", "A Cruz de Ferro", "Filho de Mato Grosso", "Flor Matogrossense", "Zé Tartuiano", "Zé Valente", "Boi de Carro", "Burro Picaço", "Vaca Mestiça", "Mil e Quinhentas Cabeças", "Timidez", "Na ponta do Reio", "Surrei de Chicote". Segundo a "Revista Sertaneja", de dezembro de 1959, Anacleto tinha 430 composições e fez 60 para a dupla Tonico e Tinoco. Foi convidado em 1960 para ser Diretor Artístico do Selo Sabiá Copacabana Discos e aceitou. Seu trabalho foi um sucesso, deu oportunidades a novos talentos. Dirigiu a notável e fabulosa gravação do LP "Canto de Aves do Brasil". Tratava-se de Cantos de Aves gravada pelo engenheiro industrial Dalgas Frisch, focalizando vozes de pássaros de nossa terra. O roteiro foi de Martin Bueno Mesquita, e produzido por José Carlos de Magalhães e biologistas do
departamento de Agricultura de São Paulo. Oswaldo Calfat com sua voz bonita foi narrador sóbrio e correto. Com a edição desse disco o Brasil tornou-se pioneiro no mundo em gravações realizadas em plena natureza, dos cantos das aves sul-americanas. Anacleto trabalhou na Rádio Difusora do Paraná, Rádio clube de São José dos Campos-SP e, por vários anos, na Rádio Difusora de Taubaté-SP. Criou o programa "Manhas Sertanejas", na Rádio Difusora de Taubaté-SP, hoje dirigido pelo filho Luiz Rosas. Prestava serviço a utilidades pública, dava os famosos "Alôs" para a zona Rural, alegrava os ouvintes com seu jeito engraçado e extrovertido. O programa tinha muita audiência. Fundou também na Rádio Difusora, juntamente com Trio Turuna, o programa "Sertão do Caboclo", também de grande audiência. Os seus programas de rádio eram ouvidíssimos e dominava toda a região do Vale do Paraíba e Sul de Minas Gerais. Com sua voz tipicamente sertaneja, agradava dezenas de emissores do Estado e todas o convidavam para se apresentar na região. Quando tirou férias, atendeu todos os pedidos solicitados. Na época quase todas as duplas sertanejas do Brasil gravavam suas melodias. As duplas faziam questão de gravar porque suas
gravações não enferrujavam nas prateleiras das casas de disco. Era um dos campeões de vendagem de disco, pois as gravações de sua autoria ultrapassavam a casa de um milhão. Em 09/12/1961 recebeu o diploma de honra na qualidade de diretor artístico, expedido pela Sociedade de Amigos do Jardim Novo Osasco. Em 13 de maio de 62 recebeu o diploma de honra ao mérito, confirmando o êxito de sua batalha em defesa da música sertaneja, expedido pela Bandeira União e Amizade de São Paulo.
Em 15/06/1969 o governador paulista Abreu Sodré com justo orgulho, conferiu a Anacleto o diploma de reconhecimento pela participação nos festejos comemorativos da TV Cultura de São Paulo.
Em 29 de abril de 1970 recebeu da Câmara Municipal de Campos do Jordão o diploma de reconhecimento pelos relevantes serviços prestados ao município. Em 30/09/1977 recebeu da Câmara Municipal de Taubaté-SP o diploma de Cidadão Taubateano. Após 1978, ano de seu falecimento, a dupla Tonico e Tinoco gravou LP, homenageando e relembrando Anacleto. O nome do LP "Rancho Vazio", com
12 músicas, todas de composições de Anacleto ( 7 músicas em parcerias e 5 somente dele ). Na capa do disco um acróstico com o nome e o sobrenome de Anacleto. Foi um sucesso. Anacleto foi um homem simples, dormia e acordava cedo, não consumia bebidas alcóolicas, gostava de alimentos saudáveis. Era alegre, extrovertido e irreverente. Não gostava de gente presunçosa, dizia que era gente de "nós nas costas". Ajudava muito pessoas necessitadas. Excelente marido, pai, avô e amigo. Não ficou rico com suas composições e vida artística. Viveu uma vida plena e feliz, deixando muitas saudades.

Nenhum comentário: