terça-feira, 18 de agosto de 2009

O presente de Monica San (São José do Rio Preto – SP) e seu MEA CULPA


Sou tão egoísta quanto covarde.
Agarro-me às letras,
(anjos redentores ou demônios
sedutores, não sei ao certo).
O certo é que bebo delas até
a embriaguez ou até gozar
em versos toda a sorte de males
que me surtam. Desfloro seus hímens
intactos quando as manipulo
inconsequente e cheia de lascívia.
Tão puras e tenras, maculadas pelo
falo da minha fala.

Pobres anjos
que em suas asas coloridas
carregam o negrume mórbido
das minhas entranhas, corroídas
pela covardia do dia seguinte.
Amanhecer é sempre um bicho de sete cabeças.

Quando endemoniadas
pelas minhas vontades e vaidades,
e pela ausência de lucidez que
me permite ainda amanhecer sem dor,
dançam sobre meu corpo e pisam
o meu sexo fazendo-me arder e
sentir o ventre cheio.
Sinto uma necessidade visceral
de expelir do bucho fecundo
rebentos dos meus devaneios.

Acho mesmo que se apiedam de mim
(elas, as letras)
Por isso ainda me vestem as partes nuas
enquanto eu, ingrata que sou
trato de profaná-las nas mesas de bar
ou em alguma cama sem dono.

Na noite de ontem, 18, a poeta esteve no sarau Café literário, que aconteceu na Sociedade de Medicina, em São José do Rio Preto. Ali reuniram-se escritores, declamadores, músicos e amantes da arte. Uma festa bonita, que valoriza sempre o artista, o escritor, e todas as manifestações artísticas capazes de alimentar a alma, encher os olhos e sensibilizar o coração tantas vezes castigado pelos percalços da vida. Embora tenha sido um presente para os participantes ouví-la declamar seu poema "MEA CULPA" e também seu relato sobre histórias do passado, a poeta disse: "Ganhei um belo presente de aniversário... estar entre pessoas tão iluminadas e ser recebida com tanto carinho, é gratificante e sempre me deixa feliz."

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