sábado, 24 de agosto de 2013

Selos retratam cemitérios tombados



A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou, no dia 17 de agosto, uma quadra de selos (de emissão especial) retratando quatro cemitérios tombados pelo IPHAN, sendo desta forma reconhecidos como Patrimônio Cultural Brasileiro: o Cemitério de Santa Isabel de Mucugê/BA, o Portão do Cemitério de Arez/RN, o Cemitério do Batalhão/PI e o Cemitério da Soledade/PA. O lançamento aconteceu nas cidades de Mucugê (BA), Arez (RN), Campo Maior (PI) e Belém (PA).
A quadra focaliza, artisticamente, elementos essenciais de cemitérios brasileiros tombados como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O Cemitério de Arez (RN) foi representado por um detalhe de seu portão tombado. O Cemitério do Batalhão (PI), por algumas sepulturas e uma árvore, destacando a beleza e a simplicidade do lugar. As sepulturas brancas à frente do fundo montanhoso são os elementos destacados do Cemitério de Santa Isabel (BA). O selo alusivo ao Cemitério da Soledade (PA) traz em detalhe a imagem de uma das muitas estátuas que ornamentam o local. O uso da cor prata dá aos selos um caráter de relíquia e preciosidade, valorizando a percepção dos cemitérios a serem preservados como patrimônio cultural. Na elaboração da peça filatélica, o artista Fábio Lopez utilizou a técnica de ilustração vetorial.
Foram impressas 150 mil quadras, sendo 150 mil selos de cada motivo, os quais podem ser adquiridos nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline). O valor de cada selo é R$ 2,00.

Histórico 

Cemitério de Santa Isabel – Mucugê/BA
O cemitério de Santa Isabel, em Mucugê/BA, foi tombado pelo IPHAN em 1980, sendo inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Está implantado na encosta rochosa da Serra do Sincorá, a noroeste da cidade. Sua construção foi iniciada em 1854 e concluída em 1886, estando o cemitério dividido em duas partes: uma plana, murada, situada sobre os terrenos de aluvião do vale onde estão as covas rasas e, a outra, construída por um conjunto de mausoléus sobre a encosta rochosa da Serra. Os mausoléus brotam da rocha nua, como a vegetação, numa integração similar às “locas” ou “tocas”, habitação dos garimpeiros que se instalaram na região. A distinção é promovida pela cor nos mausoléus, construídos em pedra e/ou tijolos, revestidos de reboco e caiados. Muitos terminaram em arcos ornamentais, coroados quase sempre por pináculos; outros tantos são miniaturas de igrejas e capelas.

Portão do cemitério de Arez/RN
O portão do cemitério de Arez/RN foi tombado pelo IPHAN em 1962, com inscrição no Livro do Tombo Histórico. A construção data de 1822 e é atribuída ao capuchinho Frei Herculano, quando viveu naquela vila. De acordo com Câmara Cascudo, é considerada a peça mais sugestiva de todo o Estado, com seus ornamentos barrocos como decoração mural e frontispício de composição simétrica com cinco divisões feitas por colunas compósitas. Na divisão central, em arco pleno e frontão em forma de sino encimado por cruz, localiza-se seu vão de acesso. Duas divisões ornadas por motivos florais ladeiam o arco e os nichos em arco pleno cercados por ornato vazam as duas divisões externas. As bases e o rodapé são marcados por motivos florais e na cornija, coroando as colunas, localizam-se pináculos em forma de lótus fechados.

Cemitério do Batalhão – Campo Maior/PI
O cemitério do Batalhão, localizado no município de Campo Maior/PI, foi tombado pelo IPHAN em 1938 e inscrito nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes. Um dos mais importantes marcos da história do Piauí e da Independência do Brasil, o Cemitério do Batalhão guarda os restos mortais dos heróis da Batalha do Jenipapo, ocorrida em 13 de março de 1823, entre brasileiros armados apenas de foices, facões, espadas, espetos e velhas espingardas; e as tropas da cavalaria e infantaria do exército português, lideradas pelo Major Fidié. As sepulturas do Cemitério do Batalhão são marcadas apenas por montes de pedras soltas e uma cruz de madeira, sem inscrições ou qualquer adorno.

Cemitério da Soledade – Belém/PA
Tombado pelo IPHAN em 1964 com inscrição no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Inaugurado em 1850 em meio a epidemias, com apenas 30 anos de utilização e mais de 30.000 sepultamentos, o Cemitério da Soledade conseguiu manter características do século XIX. Ali se encontram referências artísticas e arquitetônicas e os valores da sociedade da época em seus aspectos sociais, culturais e até econômicos, uma vez que já se sentiam os efeitos do Ciclo Áureo da Borracha. Esta necrópole surgiu nos moldes dos cemitérios monumentais europeus, ocupando uma quadra inteira em bairro nobre de Belém.
Sua inauguração marca o momento histórico da transferência dos enterramentos anteriormente feitos em Igrejas para um local específico para esse fim, onde ricos e pobres dividiam o mesmo solo.
Apesar de atualmente não exercer função de enterramentos, as pessoas continuam cultuando as almas às segundas-feiras. O uso inadequado por parte da população nestes túmulos é um fator agravante da degradação dos elementos escultóricos, artísticos e integrados. (Fonte: Jurema Machado – Presidente do IPHAN).

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