quinta-feira, 8 de março de 2012

O adeus do bispo dom Paulo Mendes Peixoto


Faltando 18 dias para completar seis anos à frente da Diocese de Rio Preto, o bispo Paulo Mendes Peixoto, 61 anos, foi nomeado ontem arcebispo metropolitano de Uberaba (MG), por determinação do Vaticano. Ele substitui dom Aloísio Roque Oppermann, 75, aposentado por limite canônico de idade, que tinha apresentado o pedido de renúncia em junho de 2011.
O dia da posse em Uberaba ainda não foi oficializado, mas pode ocorrer no próximo dia 7 de abril, 1º de maio ou 6 de maio. Hoje, chega ao Bispado uma comitiva de 12 religiosos, composta por dois bispos eméritos, padres, diáconos e seminaristas para começar o diálogo e escolher a data da posse. Também não foi definido o nome do novo bispo que vai substituir Dom Paulo. No período em que o cargo ficar vacante, será nomeado um administrador diocesano, escolhido entre os padres de Rio Preto.
Dom Paulo é o quarto bispo de Rio Preto, substituindo Dom Orani João Tempesta, que ficou sete anos, sete meses e sete dias no cargo, sendo depois empossado como arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro. ”É a minha 13ª nomeação desde que fui ordenado sacerdote: titular de 11 paróquias, depois bispo de Rio Preto e agora arcebispo,” disse Dom Paulo.
As consultas sobre seu nome para Uberaba já tramitavam desde o ano passado, quando o núncio apostólico Lorenzo Baldisseri estava se despedindo do cargo em Brasília, rumo ao Vaticano, onde assumiu cargo. “Ele deu a entender que havia uma indicação do meu nome. Logo em seguida, fui a uma assembleia de bispos em Itaici, encontrei Dom Baldisseri e o assunto voltou à tona,” afirmou o bispo, que manteve o segredo pontifício, não obstante as investidas da imprensa.
A coletiva foi acompanhada pelos padres Natal dos Santos, coordenador diocesano de Pastoral, e Júlio César Lázaro, representante dos padres. Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, enviou mensagem de congratulações e agradeceu a colaboração de Dom Paulo no Regional Sul 1, da CNBB. O arcebispo do Rio e ex-bispo em Rio Preto, Dom Orani Tempesta, também mandou cumprimentos.
Dom Paulo vai cumprir suas obrigações até o dia em que viajar para Uberaba. Neste fim de semana, ele faz visita pastoral na paróquia Santa Teresinha, e durante os dois meses, ele celebra todas as crismas marcadas. Depois, fica um período fora para a assembleia anual da CNBB para um pequeno período de três dias para um retiro espiritual e recolhimento.
A vida episcopal de Dom Paulo (até então um pacato diretor de Seminário em Caratinga) começou em 7 de dezembro de 2005, quando recebeu uma carta pontifícia (bula papal), de caráter solene, assinada por Bento 16. Dirigindo-se a ele como amado filho, o papa enumerou as qualidades que legitimaram sua escolha: competente moderador, intensa vida espiritual, fomento de vocação junto aos seminaristas e habilitação nas ciências divinas e humanas.
Desde a renúncia de Dom Roque, as consultas sobre o nome de Dom Paulo nome foram se avolumando. Em uma ordenação sacerdotal em Santa Adélia, ano passado, circularam conversas de três bispos indicados para Uberaba, Dom Paulo entre eles. No outro dia, um padre de Uberaba disse que estavam esperando-o lá. “Fiquei quieto. Fui a Brasília, no encontro da Catequese, e marquei audiência com o núncio apostólico (espécie de embaixado do papa) Dom Lorenzo Baldisseri, para falar do pedido de criação da Diocese de Votuporanga. Dali fui para o Rio, num curso de bispos, mais de 100, e teve homenagem a Dom Baldisseri. Quando voltei, o ele me ligou dizendo que eu ia ser transferido para Uberaba. Foi assim.”
Agora, nova carta apostólica, desta vez para um cargo arquidiocesano. Isso significa maior poder de mando, responsabilizando-se pelas dioceses de Uberlândia, Pato de Minas e Ituiutaba, num total de 615 mil habitantes em 20 municípios, 58 paróquias e mais de 200 comunidades, muitas na zona rural. Só na sede de Uberaba estão 26 paróquias. Já a Diocese de Rio Preto, sozinha, soma quase um milhão de pessoas.
Como será a substituição
Desde ontem, todos os conselhos e cargos na diocese rio-pretense são invalidados e o conselho presbiteral (de padres) é suspenso. “O único que fica de pé é o Colégio dos Consultores, para que a Diocese não fique vaga,” disse Dom Paulo. Desde ontem também ele não é mais bispo, e sim administrador diocesano de Rio Preto. Não pode nomear ninguém, nem exercer outras funções episcopais.
No dia seguinte à sua posse, a Diocese de Rio Preto fica automaticamente sem bispo, e a Igreja determina que em oito dias o Colégio de Consultores (formado por seis padres) é convocado pelo padre mais idoso para escolher o administrador diocesano até o papa nomear novo bispo. Em Rio Preto, este colégio é composto pelos padres Irineu Vendrami, Jarbas Brandini, Leonel Brabo, Sander Vieira, Edvaldo Calazans e Alexandre, de Bady Bassitt.
Dentro de oito dias, se o Colégio de Consultores não se reunir, o arcebispo metropolitano Dom Joviano Lima, da Província de Ribeirão Preto (à qual pertence Rio Preto) indica um administrador diocesano. “Vai ser mais fácil para o próximo, mas ao mesmo tempo vemos uma queda no número de candidatos ao sacerdócio. Isso existe em muitas dioceses. Muitos problemas vão acontecer, temos o caso da paróquia de Cerejeiras, em Guajará-Mirim, no Pará, que precisa de mais um padre”, disse Dom Paulo.


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