sábado, 7 de janeiro de 2012

A casa da poesia do Sesc Rio Preto abriga a instalação “Domínio Público”


A instalação, que pode ser vista até o dia 29 de fevereiro, vai aproximar os visitantes da obra poética de autores nacionais e estrangeiros; iniciativa estimula um maior contato com a leitura  
Thomaz Vita Neto

O Sesc Rio Preto tem uma visão da literatura que, para muitos, pode parecer peculiar. Acredita que é preciso criar maneiras de difundir poesia para um público que normalmente não lê este tipo de literatura. Para isso reuniu trechos de poemas de grandes escritores para criar uma nova instalação que começa hoje na entidade. A entrada é gratuita. Em “Domínio Público”, quem não é muito envolvido com literatura ou aquele que a aprecia vai encontrar obras de gênios brasileiros e internacionais. A instalação tem curadoria da professora da Unesp Rio Preto, Susanna Busato, que selecionou trechos que discursam com a natureza humana. 
“São textos que falam do moderno, do urbano, do dia a dia, dos desejos e medos comuns em todo homem”, afirma Fabíola Gaspar, coordenadora de programação do Sesc. Quarenta trechos de poesias estarão distribuídos em todas as dependências da unidade, desde a área de convivência, passando pelos banheiros, corredores, salas e lanchonete. Os trechos foram reproduzidos em adesivos que estarão colados em paredes e pilares. Todos os textos selecionados são de domínio público. “São trechos de obras de não precisam de autorização para se reproduzir e reúnem o que a cultura literária tem de melhor”, diz Fabíola. 
O público terá acesso à trechos de Machado de Assis, Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, Castro Alves, Manoel Bandeira, Gregório de Matos e Guerra, Luís Aranha, Guilherme de Almeida, João Ruiz de Castelo-Branco, Mário de Sá-Carneiro, Walt Whitman, Charles-Pierre Baudelaire, Pedro Kilkerry e Tomás Antônio Gonzaga. A mostra fica aberta para visitação até o dia 29 de fevereiro. A curadora Susanna Busato afirma que a instalação faz um recorte da poesia brasileira e universal. 
“A instalação ‘Domínio Público’ apresenta um panorama de várias épocas”, afirma. Para ela, a instalação ainda quer provocar no público um olhar mais poético sobre o mundo. “O público vai fazer sua própria reflexão, descobrir e conhecer um pouco mais sobre os poetas consagrados.” A instalação integra um novo projeto de incentivo à leitura que será lançado pelo Sesc em 2012. O objetivo é abrir espaço para um contato mais íntimo com o livro e estimular a leitura. “Sabemos que o Brasil é um país de pouco leitores”, afirma Fabíola. O novo projeto vai contar ainda com diversas formas de incentivo, como rodas de contação de história e empréstimos de livros. Terá ainda uma caixa que vai circular como ponto de troca de livro. 
Paralelamente à instalação, acontecem duas intervenções. Em “Palavras Faladas”, os escritores rio-pretenses Armida Madi, Cleone Ribeiro, Gustavo Lepe,  Maria Antônia de Oliveira,  Vera Márcia Milanesi e Sidnei Olívio vão interagir com o público e declamar poesias, em diversos espaços do Sesc. A atividade é coordenada pela chefe da Biblioteca Municipal, Marciana Gomes Lopes, e deve acontecer nos dias 7, 14, 21 e 28 de janeiro, às 16 horas. Nos dias 4, 11, 18 e 25 de fevereiro serão Nídia Puig, Edvaldo Jacomelli e Walter Merlotto. Para Fabíola, a proposta da intervenção é fomentar e incentivar a produção de textos literários. “Nada melhor do que convidar escritores locais para se aproximarem do público rio-pretense. 
” Na opinião de Marciana, a ação vai dar visibilidade ao escritor e mais opções aos leitores. “Vai ser uma oportunidade única para troca de experiências e conhecimento. Algo rico e produtivo para ambas partes.” Já “Palavras Encenadas/Ensaiadas” vai surpreender o público com 40 microperformances encenadas por atores da companhia Azul Celeste e convidados. A atração vai acontecer aos sábados e domingos, às 17 horas, e quartas de janeiro e fevereiro, às 21 horas. Os atores Simone Moerdaui, Fabiano Amigucci, Isaac Ruy, Cibele Sampaio, Pedro Gabriel Torres e Kelly Simão, com direção de Jorge Vermelho, vão criar situações que podem ser chamadas de poéticas e teatrais. 
De acordo com Vermelho, a intervenção vai mostrar uma atitude do ator frente à palavra. “Não vão ser personagens ali, mas uma postura, concepção e investigação do ator diante das poesias.” 
Com pontos da linguagem pós-dramática, o grupo vai dialogar ainda com os espaços da entidade. Para Vermelho, a intervenção é um desafio. “É algo inovador e diferente de uma montagem de espetáculo. Além da concepção, vamos partir de fragmentos importantes da literatura.” Além de Vermelho, Ronaldo Celeguini também dará um suporte para apresentações. (Francine Moreno).
DIÁRIO DA REGIÃO, São José do Rio Preto, 3 de Janeiro, 2012 

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