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Henrique de Sousa Filho, conhecido como Henfil, (
Ribeirão das Neves,
5 de fevereiro de
1944 —
Rio de Janeiro,
4 de janeiro de
1988) foi um
cartunista,
quadrinista,
jornalista e
escritor brasileiro. A estréia de Henfil deu-se em
1964 na revista "Alterosa". Em
1965 passou a colaborar com o jornal "Diário de Minas", tendo seu trabalho também publicado no "Jornal dos Sports" do Rio de Janeiro, e nas revistas "Realidade", "Visão", "Placar" e
O Cruzeiro. Daí mudou-se para o Rio, onde, em
1969, passou a trabalhar no
Jornal do Brasil e no jornal
O Pasquim. Com o advento do AI-5 - garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" - Henfil, em
1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a
Graúna, o
Bode Orelana, o nordestino
Zeferino e, mais tarde,
Ubaldo, o paranóico. Henfil envolveu-se também com
cinema,
teatro,
televisão (trabalhou na
Rede Globo, como redator do extinto
TV Mulher) e
literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros. Ele tentou seguir carreira nos
Estados Unidos mas não teve lugar nos tradicionais jornais estadunidenses, sendo renegado a publicações underground. Ele então retornou ao Brasil, publicando mais um livro. Como seus irmãos
Betinho e Chico Mário, Henfil era
hemofílico, e após uma
transfusão de sangue acabou contraindo o vírus da
AIDS (ou SIDA). Ele faleceu vítima das complicações da doença no auge de sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras e quando o
regime ditatorial que ele tanto combatia estava chegando ao fim
. Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Quando, em
1972,
Elis Regina fez uma apresentação para o Exército brasileiro, Henfil publica no
O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" - junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime (como o cantor
Roberto Carlos,
Pelé, os atores
Paulo Gracindo,
Tarcísio Meira e
Marília Pêra); Elis protestou contra as críticas e Henfil a enterrou novamente.
Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crônicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" - título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe - ao tempo em que criticava o governo, cobrava posições das personalidades. Mesmo seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento. Em Diário de um cucaracha, por exemplo, Henfil narra sua passagem pelos
Estados Unidos, onde tentou "fazer a América", sonho de todo latino-americano que se preza (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, em o tom intimista de quem dialoga não com um leitor anônimo, mas com um amigo ou conhecido.
OBRAS PUBLICADAS
Diário de um cucaracha (
1976)
Hiroxima, meu humor (
1976)
Dez em humor (coletânea,
1984)
Diretas Já! (
1984)
Henfil na China (
1984)
Fradim de Libertação (
1984)
Como se faz humor político (
1984)
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