quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Selos celebram Ano do Brasil e de Portugal


O “Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal” decorrerá entre o dia 7 de setembro de 2012 – Dia da Independência do Brasil – e o dia 10 de junho de 2013 – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
Trata-se de uma iniciativa com caráter oficial, criada para transmitir a ambos os povos a verdadeira imagem dos dois países, promovendo a cultura, fomentando laços comerciais e estreitando os vínculos entre as sociedades civis.
No ano de 2012 também se realiza, em São Paulo, a 21ª Exposição Filatélica Luso-Brasileira – LUBAPEX, a mais antiga Exposição Filatélica bilateral do mundo, no período de 10 a 18 de novembro.
Desta forma, os Operadores Postais designados de Portugal (CTT) e do Brasil (ECT) aproveitaram a ocasião para desenvolver uma emissão filatélica conjunta tendo por base a língua portuguesa, celebrando dois gigantes das literaturas dos dois países – os poetas Fernando Pessoa e Cruz e Sousa.
O lançamento das peças filatélicas, que se apresentam no formato de se-tenant com dois selos, acontece hoje (7/9), nas cidades de Brasília/DF, São Paulo/SP, Florianópolis/SC e Fortaleza/CE.

Sobre os Selos – Fernando Pessoa
Este se-tenant, com dois selos, traz, ao centro, o poeta Fernando Pessoa, sendo que no selo do lado direito pode-se ver sua assinatura e, no do lado esquerdo, um trecho da poesia Mar Português, do livro Mensagem (1934). A caravela que consta ao lado da poesia é um símbolo relacionado diretamente ao conteúdo, pois remete ao mar. Também se encontra a logomarca da LUBRAPEX 2012. 


Cruz e Sousa
A emissão foi concebida em forma de um se-tenant, com dois selos, focalizando, ao centro, o poeta Cruz e Sousa. No selo da esquerda é possível ver, além da imagem do autor, sua assinatura. No selo do lado direito, tem-se o fragmento da poesia Ser Pássaro, do Livro Derradeiro (1945). Como complemento à poesia, a ilustração de um cisne negro, alcunha do autor nos círculos literários simbolistas. Encontra-se, também, registrada a logomarca da LUBRAPEX 2012. Na concepção das peças filatélicas, o artista Luiz Duran utilizou a técnica de ilustração à pena com aquarela e acabamento digital em programa Illustrator. 
Foram impressos 662.400 selos, sendo 331.200 de Fernando Pessoa e 331.200 de Cruz e Sousa, com valor facial de R$ 2,00 cada selo (R$ 4,00 o se-tenant). 

Após o lançamento, as peças filatélicas poderão ser adquiridas nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline). 



Se-tenant – Expressão francesa significando "o que não se separa". Filatelicamente é o conjunto de dois ou mais selos, picotados ou não, nos quais o desenho encontra continuidade de um para o outro. Eles não devem ser separados, em se tratando de tê-los para colecionamento. 

HISTÓRICO
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, em Lisboa. Perdeu o pai aos 5 anos de idade, vítima da tuberculose e, devido ao segundo casamento da mãe, muda-se para a África do Sul, vivendo no país entre 1895 e 1905. Frequentou a Durban High School e a Universidade do Cabo, onde obteve o Queen Victoria Memorial Prize, pelo melhor ensaio de estilo inglês.
De volta a Portugal, em 1905, Pessoa frequentou brevemente o Curso Superior de Letras (1906 – 1907). Em 1908, passou a dedicar-se à tradução de correspondência estrangeira em casas comerciais. Nesse mesmo período, também estudou filosofia grega e alemã, literatura moderna e ciências humanas, acrescentando uma vasta gama de conhecimento à sua formação anglo-saxônica.
Fernando Pessoa levou uma vida relativamente apagada, movimentando-se num círculo restrito de amigos, que frequentavam as tertúlias intelectuais dos cafés de Lisboa, discutindo as questões literárias e políticas da época. Quem assim o visse no bairro do Chiado, à mesa do café A Brasileira, ou durante o trabalho de amanuense que manteve quase até ao dia da sua morte, não adivinharia estar perante um dos gigantes da poesia de todos os tempos e nações, o autor de uma obra literária notável, abrangendo os textos em poesia dos heterônimos e do Pessoa ortônimo, mas, também, o Livro do Desassossego e os textos em prosa de Teoria e Crítica Literárias, Filosofia, Sociologia Política, Esoterismo, Astrologia e sempre sobre Portugal.
Os seus textos permaneceram maioritariamente inéditos durante a sua vida. Publicou Mensagem (1934) e alguns poemas e textos em várias revistas, tendo colaborado na fundação da Orpheu, publicação fundamental do modernismo em Portugal. Deixou-nos aos 47 anos, em 30 de novembro de 1935. Décadas depois, começou a ser divulgada a sua obra, que ainda hoje não é totalmente conhecida, continuando a desassossegar os investigadores pessoanos. Os seus restos mortais repousam no Claustro do Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, cidade que foi o seu lar. (Filatelia – CTT Correios de Portugal).

Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Desterro, atual Florianópolis, no estado de Santa Catarina. Filho de negros libertos, foi criado e educado pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa e Dona Clarinda de Sousa, e já aos oito anos escrevia os primeiros versos.
Desejoso por reconhecimento, foi para a cidade do Rio de Janeiro, em 1888. Após oito meses, com dificuldades financeiras, voltou a Santa Catarina. Em 1890, o poeta aceitou o convite de Virgílio Várzea para retornar à então capital do país, onde passou a trabalhar em jornais locais. Nessa época, teve o primeiro contato com a obra do francês Charles-Pierre Baudelaire, sua grande inspiração para os versos simbolistas que viriam mais tarde.
Como escola literária, o Simbolismo teve início no Brasil com as obras Broquéis e Missal, de Cruz e Sousa, lançadas em 1893, com meses de diferença entre uma e outra publicação. Cerca de um ano depois, casou-se com Gavita Rosa Gonçalves e teve o primeiro filho.
Entretanto, mesmo com duas obras inovadoras publicadas, o poeta mais uma vez estava sem recursos, e precisou largar o trabalho nos jornais para ser arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil. A vida pessoal de Cruz e Sousa não estava em um bom momento. Após o nascimento do segundo filho, em 1895, a esposa passou a ter crises constantes de demência.
A tuberculose foi outra pedra no caminho do catarinense, que adoeceu na época em que o terceiro filho com Gavita nasceu, em 1897. A doença, além de cada vez mais debilitá-lo, causou a morte de dois de seus três pequenos filhos. Levado por amigos para se recuperar em Sítio, município no interior de Minas Gerais, morreu três dias após chegar. Era 19 de março de 1898 e o poeta tinha apenas 36 anos.
No mesmo ano, o amigo Nestor Victor, responsável pelo espólio do artista, publicou o livro de poemas Faróis e o de prosa Evocações. Em 1905, veio à tona a obra póstuma Últimos Sonetos. Em novembro de 2007, os restos mortais do poeta simbolista foram transferidos do Cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, para Florianópolis. Em sua homenagem, um memorial foi erguido junto ao Palácio Cruz e Sousa, no centro da capital catarinense. (Fernanda Peres - Assessoria de Comunicação Fundação Catarinense de Cultura).

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