Quando enfim os botões q'inda estão entreabertos
alargarem sorrisos nos lábios incertos
Quando os tons de carmim que outrora cingidos
se fizerem presentes nos lábios unidos
Há de ser primavera rendendo o outono
desfazendo no abraço os nós do abandono
Há de o canto das aves soar na alvorada
anunciando que é tempo de amar e mais nada
Quando houver o meu riso no teu desaguado
corredeira dos sonhos há tanto dormidos
e no amor nos fizermos de dois um só ato
saberei das manhãs que jamais floresciam
que eram noites dormentes de olhares perdidos
e que em vãos eloquentes às flores bramiam.
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