Mônica San ( S.J.Rio Preto) e seu CHORA CUÍCA

Ensaiei um samba
com cadência de avenida
muito repique
e molejo
e o grito da cuíca
Queria suar no teu colo
sambar na tua Olinda
pegar o tom
e o jingado
ser tua rainha de bateria
Nesse meu samba arretado
te deixar extasiado
roçar as coxas molhadas
num rebolado ligeiro
deixar os seios
as mostras
marcar os compassos
certeiro.
Meu mestre sala dos mares
meu momo sem trono
e coroa
meu passista
dos Palmares
meu samba enredo...ressoa!
Mas o ensaio perdeu o pique
a cuíca silenciou
não tem ninguém na avenida
nem molejo
ou bateria
meu samba enredo acabou.
Acabou a alegria
meu cantar entristeceu
meu sorriso ficou na avenida
teu amor não é mais meu.

E meu samba, como é que fica?
deixo morrer o jingado...
abandono o som da cuíca...

Já dizia o poeta
que o samba pra ter beleza
mais do que ser alegre
tem que ter
um bocado de tristeza

Então chora minha cuíca
chora e repica ligeiro
na cadência do meu choro
no jingado miudinho
nesse samba meio torto
nessa avenida vazia
chora comigo
arrepia!
Que meu canto é só tristeza
meu amor partiu
faz tempo...
mas restou minha poesia!