terça-feira, 26 de agosto de 2008

80 anos de Rubião Vieira Marques , o Vieirinha dos Irmãos Vieira da nossa querida Itajobi



Rubens Vieira Marques, o Vieira, nasceu em 20 de setembro de 1926, e Rubião Vieira, o Vieirinha, em 26 de agosto de 1928, num sítio em Campo Triste, hoje Itajobi-SP. O início da carreira da dupla não é diferente do início da carreira dos artistas espontâneos, autodidatas, geralmente provindo do meio rural.Simpáticos e saudáveis, cresceram desenleados no serviço. Filhos de Bernardino Vieira Marques, um português que chegou no Brasil ainda criança, e Maria Gabriela de Jesus, mineira devota e religiosa. Nove filhos, cinco homens e quatro mulheres confirmavam a fecundidade da família caipira. Dona Maria queria que Rubião estudasse e se tornasse padre, mas como isso poderia acontecer numa casa em que todos cantavam e dançavam? Como o próprio Vieirinha costumava dizer: “sê padre, com a turmona toda cantano moda de viola, eu não vô sê não! Quero é cantá.” E a melhor maneira que ele encontrou para estabelecer contato com Deus foi cantando e tocando viola. Como era o costume no interior, o pai ensinou os dois a cantar e a trabalhar na roça. Adolescentes, foram peões domadores e retireiros. Fizeram o curso primário em escola rural. Estudavam de manhã, trabalhavam a tarde, e a noite dedicavam-se aos ponteios da viola caipira. Vieira na viola, Vieirinha no violão, tirando tudo de ouvido. Todos os irmãos foram violeiros. Os mais velhos, Chico e Antônio, foram convidados para gravar junto à “Turma Caipira Cornélio Pires”. Não foram pra capital, era longe. Mas pra tocar viola e dançar catira não tinha distância. Antônio Paulino ganhou um livro sobre instrumentos musicais de corda. Entrou na mata pra buscar madeira: jacarandá para as laterais; imbuia para as costas; o tampo foi resolvido com o pinho das caixas de bacalhau importadas de Lisboa pelo pai. E fez a primeira viola. O resultado foi satisfatório e montou uma fábrica de instrumentos, a Violas Xadrez, em Novo Horizonte-SP. Com a morte de Antônio, assumiu Isaías Vieira. Dele, muitas músicas foram gravadas por Vieira e Vieirinha. A irmã Isaura fez dupla com Rubião e mais tarde com o primo Zeca. A música caipira era comunhão de toda a família. Rubião cantou cedo. Formou dupla com o primo Zico, “Bião e Negão”, pra cantar nas festas de parentes e amigos. Rubens, mais vergonhoso, não cantava em público. Vieirinha casou-se com D. Marlene, com quem teve sete filhos. Vieira casou-se com D. Nair, com quem teve dois filhos. Cantando sempre música caipira, que é fogueira alta, de lenha boa, Vieira e Vieirinha são violeiros e catireiros, os maiores do Brasil! Não se consideram artitistas: “Artista é gente de cinema e novela... nóis num semo artista, nóis semo violêro”. Vieira completa sua lógica: “violêro é violêro, mais nada!”. Os irmãos começaram a carreira nas festas e cantorias, onde a moda de viola e o catira estavam sempre presentes. Foi exatamente num clima de muita festa que os violeiros de Itajobi reuniram-se para mostrar suas habilidades no dueto, na viola, nas palmas e no bate-pé. Dentre todos os participantes, eles se destacaram, interpretando autênticas modas de viola com muita técnica e perícia. A grande oportunidade aconteceu em 1950. Getúlio Vargas, em campanha presidencial pela região, contou com a participação de Vieira e Vieirinha em seus comícios. “Nóis agradava mais que o Getúlio. Quando acabava o comício, o povão abraçava a gente e falava que ia votá no Getúlio por nóis”, dizia Vieirinha, sem modéstia. O público cativo da música caipira é do interior e nas décadas de 50 e 60, a vitrola não era acessível à grande maioria desta população. Aprendia-se as modas, ouvindo os programas sertanejos no rádio. Vieira e Vieirinha fizeram parte da chamada “primeira linha” do rádio.(Continua abaixo).

Um comentário:

siby13 disse...

Obrigada pela homenagem.
Para nós ainda é muito triste ele não estar aqui.
Sentimos muitas saudades.