terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vieira e Vieirinha da ZYS-9 – Rádio de Novo Horizonte, na década de 50 para todo o Brasil



A trajetória da dupla, por esse veículo de comunicação, iniciou-se em 1950 frente aos microfones da ZYS-9 - Rádio de Novo Horizonte, onde cantava todos os dias no programa “O Viajante do Sertão”. Em menos de um ano, eles se transferiram para rádio Clube de Marília. Apoiados pelo então presidente eleito Getúlio Vargas, foram chamados para ir ao Rio de Janeiro, para apresentarem-se na poderosa Rádio Nacional. Mas foram impedidos pela mãe, com medo da “cidade grande, onde tem mar...”. Ao ser informado pela dupla do acontecido, Getúlio Vargas indicou então a Rádio Nacional de São Paulo, cidade já visitada pelos irmãos. Viajaram com o telegrama no bolso e ficaram na casa do amigo Tonico. Estiveram três vezes na Rádio Nacional na tentativa de conversar com o diretor da emissora, porém não foram atendidos. Perguntados pelo amigo Tonico se eles haviam mostrado o telegrama, responderam que não. Quando voltaram à rádio com o telegrama na mão, foram recebidos na hora. “Nhô Zé”, apresentador importante da rádio lançou a dupla no programa “Alvorada Cabocla”, em 1951. Vieira falava da primeira apresentação: “Nossa! Deus pôis a mão. Era tempo do ‘bis’ e o povo gritava bis! Batia parma, batia os pé no chão, e pedia mais um”. Com uma rápida passagem pelo programa de Nhô Zé, Vieira e Vieirinha se afirmaram com um programa só deles, “Sertão na Cidade”, cantando músicas do repertório do Tonico e Tinoco, Serrinha e Caboclinho e modas de autoria de Teddy Vieira e José Fortuna. A Rádio Nacional foi a primeira moradia dos dois em São Paulo. Por alguns meses, dormiram no prédio da emissora. Ali eles cantaram de 1951 a 1954. Retornaram à emissora em 1958. Segundo Vieira, foram vinte e cinco anos de Rádio Nacional. O sucesso deles no rádio levou os patrocinadores a disputá-los, porque os programas pelos quais passavam transformavam-se em campeões de audiência em seus horários. Na Rádio Tupi, no período de 1955 a 1958, Vieira e Vieirinha atuaram no chamado horário nobre, segundas, quartas e sextas-feiras, das 20:30 às 21h, no famoso programa “Alma da Terra”. A dupla foi um exemplo de sucesso no rádio, antes de entrar no mercado do disco. Não é como hoje. Naquela época o disco não era o canal que possibilitava o contato direto do artista com o público. Era um percurso natural, em que o sucesso nas apresentações efêmeras abria caminho para a perpetuação no disco. Numa carreira vertiginosa em discos, que vai de 1953 a 1989, Vieira e Vieirinha eram considerados “Os Reis do Catira do Sertão”. E faziam jus ao título pois, além de saberem dançar com maestria, criaram um estilo muito próprio de apresentar o catira. Formaram escola nesta arte e vários discos evidenciam o reconhecimento da dupla como os maiores catireiros do Brasil: “Os Catireiros” (1964); “Os Maiores Catireiros do Brasil” (1969); “Dançando Catira com Vieira e Vieirinha” (1972); “Rei do Catira” (1974); “Dançando o Catira” (1976); “Vieira e Vieirinha com os Catireiros de São Simião” (1977); “Violas e Catiras” (1977); “30 Anos de Viola e Catira” (1980); “Rei do Catira” (1982); e “Só Catira-Vol. 2” (1985). A dupla gravou o primeiro 78 rpm em 1953, pela Continental. Este primeiro disco foi gravado em poucas horas: “fomo gravá com o número na ponta da lingua, não errava mesmo, era batê e valê”. Foram 25 discos 78 rpm e 50 LPs. Em 1960, a dupla gravou seu primeiro LP “Vieira e Vieirinha Apresentam suas Modas”. Este disco reúne, dentre tantos, alguns de seus maiores sucessos em 78 rpm. Contém ainda a primeira gravação de uma música de autoria deles, o cateretê “Festa de Reis”. Em 1989, lançaram o último LP da carreira da dupla: “Vieira e Vieirinha”. A vendagem de discos e o cachê dos shows renderam-lhes um bom dinheiro. Em 1960, resolveram voltar para o interior, por não adaptar à vida na cidade grande. Possuíram restaurante de beira de estrada e uma fazenda em Goiás de 1500 hectares com escritura falsa. Perderam tudo e começaram do zero. Em 1963, lançaram o LP “A Volta de Vieira e Vieirinha”. Além de compositores, com dezenas de modas feitas com parceiros diversos, foram intérpretes de quase todos os compositores de clássicos da moda caipira. Apenas com uma viola e um violão, gravaram todas as variedades de gêneros caipiras: modas de viola, recortados, rojões, batidões, cururus, huapangos, valsinhas, canas-verdes, toadas, jongos, xotes, modas campeiras, valseados, corta-jacas, arrasta-pés, sambinhas e corridos. Mas onde eles aparecem como reis absolutos é no catira.

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