segunda-feira, 26 de abril de 2010

Margarida e seu OUTONO


Manhã.
Acordo cedo, com o cheiro da terra vermelha molhada!
Não acredito, abro a janela... nuvens negras
cobrem o céu e, animada, corro para fora.

Nem percebo a camisola fina, os pés descalços,
os cabelos brancos despenteados.
Não sinto a fome de dias envergando
meu corpo pálido e magro.
Não vejo o casebre arrasado pela morte,
o chão de barro pisado, a cal descascando
pela ação do sol agrestino.

Cheiro ofegante o ar úmido do outono,
e viajo nas cores vermelhas e alaranjadas dos arbustos,
do capim ressecado pelo eterno verão
e respiro a esperança do verde!
Pulo que nem criança, comemorando o novo!

Será verdade?

Vivo sem perceber as estações: sempre verão,
pouco inverno a não ser em meu coração.

E o outono chegou?

Espero e não desisto.
Não interessa se sonho ou se estou apenas viva.
Quero tecer as cores outonais no meu coração,
nessa tapeçaria de saberes nordestinos.


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