terça-feira, 27 de abril de 2010

Cris Bilenky e AMANHÃ AINDA SERÁ OUTONO


Depois de tantos dias ensolarados e de tantos risos e
sorrisos, e depois de tanto encantamento iluminando o tempo,
eis que que de repente nos vemos perdidos, com todos os
castelos construídos com as cartas de nossas
ilusões derrubados pelo vento triste da solidão.
Você e eu, duas almas a vagar sem rumo, fugindo até da possibilidade de encontrar qualquer consolo... Nossos pensamentos, presos ao passado recente e ancorados a um futuro que não mais nos pertence, parecem zombar do fato de ainda estarmos vivos, e de respirarmos. Vejo você chorando lágrimas silenciosas e não posso ajudar porque esse outono, que chegou depressa demais, veio para ficar, árido e perene, e também me amortalha. As nossas palavras, agora congeladas, foram presas fáceis da frieza da morte. Mas eu as escuto ecoando, mudas, em minha cabeça, a repetir indefinidamente o nome da dor que acabou com as estações de nossas vidas e nos nega o alívio piedoso do ponto final que um inverno traz.
Não, meu querido, não teremos esse alívio que aos outros amedronta e que, a nós, libertaria... haveremos de viver nossos dias e nossas noites nesse terrível e contínuo limbo outonal cujas folhas, vermelhas e mortas, cairão eternamente sobre a terra inóspita como ela, a nossa menina, caiu um dia...


Clique no banner acima para conhecer esta comunidade.

Nenhum comentário: