A dignidade pessoal
Palavras bíblicas ditas por um centurião romano dirigidas a Jesus Cristo quando a Ele foi feito um pedido: “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa” (Lc 7,6). A dignidade revela a identidade da pessoa. É um tema preocupante, porque a ação tem que coincidir com o estilo de vida das pessoas. Sabemos que em várias situações a prática é outra, diferente do discurso proferido.
Diante das contradições que acontecem no exercício de nossa cidadania, e até nas práticas da vida cristã, podemos ser facilmente tapeados. Isto tem sido muito comum nas escolhas que fazemos em tempo de eleições. Às vezes somos influenciados pelas aparências, pelos discursos e acaba nos dando mal, tendo que sofrer as consequências de administrações incompetentes e tendenciosas.
O natural desconhecimento histórico que temos da vida pregressa de uma pessoa, aquilo que fica apenas na penumbra de nossa mente, pode nos levar a grandes erros no momento da escolha, por exemplo, no caso do voto. Não bastam as influências midiáticas e as campanhas instantâneas. Não é fácil conhecer uma pessoa para saber se ela tem verdadeira dignidade pessoal.
A maneira autêntica de vida de Jesus de Nazaré conseguiu mobilizar as comunidades de seu tempo. Com isto, muitas pessoas começaram a ficar de seu lado e a segui-Lo. Seu principal objetivo era de promover a vida de forma inclusiva. Isto significa que Ele não fazia acepção de pessoas e conseguia recuperar a dignidade e o valor humano de todos que tinham contato com seu caminhar.
O Brasil não pode continuar sendo um país que discrimina seus patrícios, deixando muita gente numa vida totalmente indigna. Precisa acertar sua trajetória administrativa e colocar sua conduta apoiada na justiça e na honestidade. Sabemos que para isto é fundamental purificar seus órgãos de decisão e gestão, mudando as pessoas despreparadas no campo da moral e da ética.
O povo brasileiro tem ficado muito indignado diante de tanta irresponsabilidade dos administradores públicos. Isto fica mais grave ainda vendo cargos importantes sendo assumidos por quem tem contas a pagar na justiça. O que esperar dessas pessoas se ninguém dá o que não tem. O país fica ameaçado na sua dignidade, e quem sofre mesmo com isso é o povo, principalmente os mais indefesos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário