Um novo Brasil
Onde vamos parar com tanta corrupção! Ela está por todo lado e as consequências vão se tornando cada vez mais visíveis. As denúncias de projetos superfaturados, de construções mal feitas, de desvios públicos, de pontes que caem matando pessoas, de asfalto sem resistência etc. A população vai perdendo a esperança porque está sendo ludibriada a todo momento e sofrendo com tudo isso.
Dentro desse emaranhado de práticas desonestas e injustas para com o país e toda a sua população, fica até difícil falar de um novo Brasil. Jesus falava da construção de uma nova humanidade, mas que dependia de abertura para a prática da Palavra inspirada, que supõe a produção de frutos de qualidade na comunidade. Isso é impossível acontecer no meio de atos desonestos e egoístas.
Enquanto as pessoas, principalmente autoridades, quem tem poder de decisão, tem poder econômico, poder político, não derem primazia para a verdade, os rumos da nação não serão mudados. A Palavra de Deus está centrada nos princípios da autenticidade e do bem comum. Palavra que deve tocar os corações e tirar as maldades que não deixam a natureza cumprir sua missão.
Falta no país uma experiência concreta de fé. Sem isto a pessoa não consegue entender a dimensão profunda do amor e da coletividade nos negócios. Reina o individualismo, que prioriza atos interesseiros, egoístas e com forte atitude de diabólica esperteza. Até parece que vencem os mais espertos, jogando por terra todos os princípios necessários para construir uma sociedade com dignidade.
A proposta cristã da Palavra de Deus não está conseguindo espaço de irradiação. Ela não consegue atingir os corações, ficando um vazio ocioso, facilitando a ação do mal que, por sua vez, vai sendo endeusado, destruindo a dignidade das pessoas. Por isto há necessidade de uma nova criação, onde não deve existir lugar para a maldade. É um caminho que precisa ser construído com urgência.
Pensar num novo Brasil significa reforçar as nossas esperanças, confiar em Deus e trabalhar para dar um voto o mais consciente possível durante as eleições, porque as mudanças dependem muito das atitudes de nossas lideranças políticas. A política não pode se tornar refém do poder econômico, mas cumprir sua missão de organizar a sociedade de forma coerente e harmônica.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
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