A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lança neste sábado (23), durante a abertura do 47º Festival do Folclore de Olímpia, às 19 horas, no Recinto de Exposições e Praça das Atividades Folclóricas “Profº. José Sant’anna” – Pavilhão Cultural, quatro selos (de emissão especial) retratando as Lendas do Folclore Brasileiro. O lançamento ocorre também nas cidades de Recife (PE) e Porto Velho (RO).
Os personagens foram dispostos pelo artista Jô Oliveira, que utilizou a técnica de desenho em quatro selos, formando uma quadra. No canto superior esquerdo, a imagem do Curupira montado num porco do mato, assustando um possível agente do desmatamento, representado por um homem e uma serra elétrica que derruba a árvore. No canto superior direito, a Mãe-do-Ouro emerge das águas com uma bola de fogo nas mãos, sintetizando a inspiração para um garimpeiro. No canto inferior esquerdo, as figuras do Boto e de uma jovem gestante, alude à lenda da sedução de mulheres por um homem desconhecido. No canto inferior direito, a Mula-sem-cabeça, que teria sido uma mulher, amante de um padre, este representado dentro
da imagem de uma igreja. Como imagem de fundo, a natureza, onde predomina o verde simbolizando a mata com muitas plantas, frutos e animais; o rio isola os personagens como uma ilha de difícil acesso, reportando ao imaginário. A quadra de selos também está disposta em uma minifolha, que divulga, no canto superior direito, a logomarca da Exposição Filatélica Brasileira – BRAPEX 2011, que acontece no período de 3 a 9 de outubro no Centro Cultural dos Correios, em Recife (PE). Foram impressas 50 mil minifolhas, com valor facial de R$ 1,10 cada selo (R$ 4,40 a minifolha). Já os selos, a tiragem é de 300 mil unidades (75 mil
quadras). Cada selo custa R$ 0,75 (1º Porte Carta Não Comercial). As peças filatélicas podem ser adquiridas nas agências e na loja virtual dos Correios (www.correios.com.br/correiosonline).
Na ocasião será lançado também um selo personalizado em comemoração ao 47º Festival do Folclore de Olímpia. O selo personalizado é composto por duas partes: na primeira, a bandeira nacional tremulando ao vento compõe o plano secundário e emoldura o mapa do Brasil, preenchido pelas flores do ipê amarelo – árvore-símbolo nacional. Na segunda parte, o selo estampa o brasão tradicional dos festivais, criado pelo idealizador Prof. José Sant’anna. Em destaque, a descrição: 47º Festival do Floclore – Olímpia-SP, abaixo os dizeres: A cultura popular brasileira se encontra em Olímpia – de 23 a 31 de julho de 2011, em alusão ao período do festival. Completa o conjunto visual a logo da atual administração de Olímpia.
Foram produzidos 6.012 selos personalizados, os quais serão utilizados nas postagens de correspondências da Prefeitura e da Associação Olimpiense de Defesa do Folclore Brasileiro. O lançamento das peças filatélicas é uma iniciativa do vereador Luiz Salata, com apoio do prefeito municipal de Olímpia, Eugenio José Zuliani (Geninho). Paralelamente ao festival acontecerá a XXIII OLIMPEX – Exposição Filatélica de Olímpia, onde estarão exposta peças das coleções dos olimpienses Éden Eduardo Pereira, Akio Abe e Omar Eduardo de Nadai, integrantes do Clube Filatélico Aureliano Marins Peixoto. Destaque especial para a coleção filatélica sobre folclore do presidente do clube, Éden Pereira.
HISTÓRICO
Como são os mitos no seu imaginário?
Os selos desta emissão, cumprindo seu papel cultural, divulgam e registram mitos do folclore brasileiro, que povoaram e povoam o imaginário de avós, pais, filhos e netos. São valores e crenças populares, que sobrevivem de geração em geração. Não se sabe como surgiram e, menos ainda, quando terão fim, se é que terão.... Podemos entender os mitos como narrativas abertas, atualizadas em diferentes contextos e histórias. Em vista da forma de transmissão de conhecimento marcadamente oral, os mitos apresentam variantes, pois, as narrativas instituídas pelas comunidades refletem, também, formas diferenciadas de percepção do mundo e de relações interpessoais. Esta série traz uma representação visual de quatro mitos que circulam entre comunidades narrativas de vários rincões e cidades brasileiras. Os selos apresentam uma das várias formas de representação: a mais conhecida e circulada na cultura nacional. Curupira, Mãe-do-ouro, Boto e Mula-sem-cabeça, conhecidos de norte a sul do País, embora não deixem de apresentar uma espacialidade recorrente, às vezes, como o caso do Boto, são bastante específicas. Por exemplo, o Curupira é o mito das matas; o Boto, das águas amazônicas; a Mula-sem-cabeça, das pequenas cidades; a Mãe-do-ouro, de ordem mais temporal que espacial, diz respeito a lugares marcados pela cultura do
Como são os mitos no seu imaginário?
Os selos desta emissão, cumprindo seu papel cultural, divulgam e registram mitos do folclore brasileiro, que povoaram e povoam o imaginário de avós, pais, filhos e netos. São valores e crenças populares, que sobrevivem de geração em geração. Não se sabe como surgiram e, menos ainda, quando terão fim, se é que terão.... Podemos entender os mitos como narrativas abertas, atualizadas em diferentes contextos e histórias. Em vista da forma de transmissão de conhecimento marcadamente oral, os mitos apresentam variantes, pois, as narrativas instituídas pelas comunidades refletem, também, formas diferenciadas de percepção do mundo e de relações interpessoais. Esta série traz uma representação visual de quatro mitos que circulam entre comunidades narrativas de vários rincões e cidades brasileiras. Os selos apresentam uma das várias formas de representação: a mais conhecida e circulada na cultura nacional. Curupira, Mãe-do-ouro, Boto e Mula-sem-cabeça, conhecidos de norte a sul do País, embora não deixem de apresentar uma espacialidade recorrente, às vezes, como o caso do Boto, são bastante específicas. Por exemplo, o Curupira é o mito das matas; o Boto, das águas amazônicas; a Mula-sem-cabeça, das pequenas cidades; a Mãe-do-ouro, de ordem mais temporal que espacial, diz respeito a lugares marcados pela cultura do
garimpo ou pelo passado do ciclo de ouro.
Curupira
É responsável por assustar pessoas nas matas e até pelo desaparecimento de algumas crianças. Seus registros remontam à nossa era colonial. José de Anchieta, catequista, o referencia, juntamente como o Boitatá, em uma de suas crônicas no século XVI como um dos demônios que assolam os
índios e, por tal razão, utilizado como argumento para o processo catequizador brasileiro. Sérgio Buarque de Holanda, historiador, referencia-o, observando que se tratava de uma estratégia de resistência dos índios à escravidão, que buscavam despistar os portugueses nas matas com pegadas ao contrário. Mito alomórfico, é considerado um dos pais do mato, podendo ser representado como um monstro peludo de cabelos vermelhos e pés invertidos, montado num porco do mato (como representado no selo), ou um anão loiro com uma bengalinha de ouro, ou um espírito invisível com gritos assustadores ou, ainda, como uma índia ou índio velhos. Esta última versão está, também, presente no imaginário popular no Paraguai. As
histórias sobre o Curupira destacam os cuidados que o homem deve ter ao adentrar nas matas, precavendo-se do contato com o novo, que pode ser perigoso. Suas versões se assemelham a de outros mitos da mata como o Pomberinho, o Saci e o pantaneiro Mãozão.
Mãe-do-ouro
A Mãe-do-ouro apresenta-se como uma narrativa sobre aquilo que o mundo oferece ao homem e de sua ambição desmedida ou falta de coragem, que faz pôr tudo a perder. A versão mais comum é a de uma bola de fogo vinda do céu, que vai revelar onde se encontra uma jazida. A Mãe-do-ouro, também, aparece na forma de uma mulher, ora com os cabelos de fogo, ora sem cabeça, protetora das minas, cujas orientações devem ser seguidas à risca. O mito, não raramente, funde-se às narrativas de enterro ou botijas, como são conhecidas no Nordeste, verdadeiros tesouros enterrados, que são revelados por sonhos, luzes ou espíritos para alguém de muita coragem. Interessante notar que ouro vem do latim aurum, que significa “brilhante”. Este mito reúne simbologias que são transpostas para o homem. Assim, a pureza do metal se reflete nos puros que conseguem retirá-lo da mina e a cobiça da humanidade em possuí-lo, faz com que ele se desvie dos ambiciosos.
A Mãe-do-ouro apresenta-se como uma narrativa sobre aquilo que o mundo oferece ao homem e de sua ambição desmedida ou falta de coragem, que faz pôr tudo a perder. A versão mais comum é a de uma bola de fogo vinda do céu, que vai revelar onde se encontra uma jazida. A Mãe-do-ouro, também, aparece na forma de uma mulher, ora com os cabelos de fogo, ora sem cabeça, protetora das minas, cujas orientações devem ser seguidas à risca. O mito, não raramente, funde-se às narrativas de enterro ou botijas, como são conhecidas no Nordeste, verdadeiros tesouros enterrados, que são revelados por sonhos, luzes ou espíritos para alguém de muita coragem. Interessante notar que ouro vem do latim aurum, que significa “brilhante”. Este mito reúne simbologias que são transpostas para o homem. Assim, a pureza do metal se reflete nos puros que conseguem retirá-lo da mina e a cobiça da humanidade em possuí-lo, faz com que ele se desvie dos ambiciosos.
Boto
É uma narrativa sobre mulheres que se deixam seduzir por homens desconhecidos e acabam se tornando mães solteiras ou tendo o destino trágico de acabarem mortas no fundo do rio. Mas, como todos os mitos, este também apresenta outras versões. Atribui-se à existência do boto rosa e do preto a manifestação maligna do primeiro e a benigna do segundo. As histórias sobre o boto rosa, no geral, narram que, nos dias de festas juninas, ele se transforma num rapaz bonito, vestido de branco e de chapéu (para esconder a narina em cima de sua cabeça), que, por meio de sua dança irá fazer mal às mulheres. O boto preto é bom, pois ajuda a salvar as pessoas dos afogamentos. As narrativas do Boto alertam para os perigos da sedução, e
É uma narrativa sobre mulheres que se deixam seduzir por homens desconhecidos e acabam se tornando mães solteiras ou tendo o destino trágico de acabarem mortas no fundo do rio. Mas, como todos os mitos, este também apresenta outras versões. Atribui-se à existência do boto rosa e do preto a manifestação maligna do primeiro e a benigna do segundo. As histórias sobre o boto rosa, no geral, narram que, nos dias de festas juninas, ele se transforma num rapaz bonito, vestido de branco e de chapéu (para esconder a narina em cima de sua cabeça), que, por meio de sua dança irá fazer mal às mulheres. O boto preto é bom, pois ajuda a salvar as pessoas dos afogamentos. As narrativas do Boto alertam para os perigos da sedução, e
podem se constituir num discurso eficaz contra o estranho, para grupos ribeirinhos afastados. Num outro polo, cabe observar que há versões com a estrutura narrativa semelhante à do Boto, só que de sedução masculina, tais como as Iaras, espécies de sereias que vão encantar os homens, afogando-os.
Mula-sem-cabeçaA Mula-sem-cabeça é uma história sobre a amante do padre que é amaldiçoada '65 se transforma num equino (pode ser burro, cavalo ou mesmo uma mula, derivada do cruzamento entre égua e o asno ou jumento), pelo qual saem labaredas pelas narinas ou boca. Nesse sentido, as variantes mais
comuns encontram-se na representação do animal, para o qual muitos acreditam ter um jato de fogo saindo da cabeça. Outras variantes tratam da forma de desencantamento do animal: que deve ser sangrado ou ser retirada a ferradura de sua boca. As narrativas da Mula-sem-cabeça atravessam a América Latina e há registros dela na península Ibérica . Seu sentido mais evidente é o de respeito ao celibato, mas também, alinha-se aos mitos de transmutação, como o do Homem-Onça, do já assinalado Boto e, principalmente, do Lobisomem, entre outros.Os quatro mitos são, em síntese, uma representação dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Como já afirmava Walter Benjamin, filósofo: “contar histórias é a arte de saber seguir contando”.
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