Boi Soberano
O sofrimento muitas vezes faz adormecer sentimentos, a saudade aperta o peito e faz amainar o desejo, a tristeza faz com que o passado seja jogado em alguma velha gaveta de onde só sai quando é arrancado de lá por uma velha lembrança.
Hoje o passado me veio assim, feito a chuva que
despenca lá fora, sem pedir licença, como a querer marcar sua presença e manter-se vivo.
Quando se tem uma cadeira de rodas como extensão de suas pernas, e a pouca compreensão de um "cuidador"
como extensão dos seus anseios, desejos e
necessidades pouca coisa há que se temer.
A vida já fez todas as provas e provocações
que podia e que se pudesse suportar.
O passado quando bate à porta vem
como a chuva a lavar estradas,
molhar lavouras, fazer florir o verde,
sorrir a passarada, e lavar a alma.
Ao meu lado, presa às suas lembranças, ela mareja os olhos.
Para por uns instantes o ritual do pão e leite,
seu alimento básico e talvez até espiritual.
E ouve. Do lado de fora a chuva, tantas vezes desejada
para que não deixasse morrer suas plantinhas,
nem sacrificar aqueles à quem amava, cá dentro,
tocando no computador (o que há de mais
moderno em sua pouca compreensão) o passado.
O seu passado.Tirado da gaveta pelas mãos do futuro
que ela nem sabe até onde irá acompanhar.
O netinho que pede: Mãe, deixa eu ouvir o Boi Soberano?
Uma velha canção, talvez uma das mais belas que já ouvi.
Nada que se compare às grandes produções mundiais.
Apenas uma história bonita, comovente,
cantada com alma e sentimento.
O que pouco se faz hoje em dia.
Os poucos minutos que levam a canção são suficientes
para trazer à tona lembranças doloridas de um passado sofrido.
Mas lembranças preciosas que a fazem , com certeza,
lembrar do quanto já foi na sua simplicidade
e humildade, soberana, como aquele boi!
Monica San
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Terezinha é a nossa homenageada hoje neste mês das Mães e de Maria, sua filha Monica poeta, na crônica acima faz uma analogia a uma música muito significativa em outros tempos e que é parte de sua história de vida. Terezinha nasceu na cidade vizinha de Orindiuva-SP no dia 23 de agosto de 1935, é filha de Valdivina Sabina Paulino e João Paulino e atuou durante 16 anos , como servidora no setor de enfermagem em nosso Hospital de Base.
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